quarta-feira, 31 de julho de 2019

Eclipse lunar

Eclipse lunar

A terra se alinhou com sol
Cobre assim o seu satélite
Tivesse a lua atmosfera
Nela eu poderia me firmar

O eclipse ilumina o lado oculto
Mas o tolo ainda teme a noite
Logo não será aquele sonho
Que da escuridão irá te salvar

Pra que anunciar uma alegria
Se o amanhã pode não nascer
Promessas se tornam covardia
O céu aguarda o amanhecer

Talvez em um futuro distante
As lágrimas que estão a cair
Se tornem estrelas no céu
Sonhado por nós muito antes

Pedro Junqueira Franco de Castro 17/07/2019

Amar é mar para se navegar

Amar é mar para se navegar

No embalo da ondas
Que arrasta multidões
Dentro do meu coração
Sinto esse amor chegar

Quanto tempo leva a concha
Até se tornar areia da praia
É o mesmo tempo que leva
Para a verdade se revelar

Diante da imensidão do mar
Muita verdade se esconde
Há mais mistérios na vida
Do que mares para navegar

Dos ventos que levam areias
É que se forma grandes ondas
Afinal quando o mar está calmo
Pouco se aprende sobre amar

Talvez sejam ondas eternas
Dessas que só o amor explica
Mas o tempo é muito curto
Para nós meros humanos

Amar é mar para se navegar
Antes se afogar em suas águas
Do que viver uma vida inteira
Sem nele aprender a velejar

Pedro Junqueira Franco de Castro 15/01/2019

Vida diversa

Vida diversa

Se não fosse a abelha em seu lugar
A flor não poderia sequer existir
Em cada filho desse nosso lar
Passa um fio da vida a coexistir

Sem os troncos dessas árvores
Alga e fungo não seriam líquens
Isso prova que a vida é cooperar
Sozinhos não seriamos ninguém

A hiena fica sempre a espreita
Espera a caça que o leão empreita
Nessa relação quase que perfeita
Quem não trabalha vive de sobra

O mais arrogante é o bicho homem
Extingue tudo que não lhe interessa
Esquece de sua própria essência
A diversidade que alimenta a vida

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Amar sem gênero

Amar sem gênero
Para o amor não tem endereço
Se todos somos iguais em essência
O amar será sempre a consequência
De quem por ti tem algum apreço

Tire a sua fobia do meu caminho
Que eu quero passar com meu amor
Se para os seus eu sou um espinho
Com os meus eu amo sem pudor

Sonho com um amanhã colorido
Onde o amar não tenha gênero
O carinho venha do indefinido
Nosso amor nunca será efêmero

Pedro Junqueira Franco de Castro 17/05/2017

terça-feira, 2 de maio de 2017

Lá se vai um sujeito de sorte

Lá se vai um sujeito de sorte

Apesar de ser apenas um rapaz latino
Quando pergunto ao pássaro preto
Me considero um sujeito de sorte
Vi o Belchior cantar bem do meu lado
Lembro-me que quase morri do coração
Quando você me acenou com a mão

Eu não estou interessado em teoria
Parte da poesia que busco na vida
Encontrei nos versos da sua música
Não tenho mais vinte e cinco anos
Mas o seu tango que não é argentino
Ainda me vai bem melhor que um blues

Pelas paralelas dos pneus na água
Fugiu daquilo tudo que era seu
Porque hoje teve um compromisso
Daqueles que não se escolhe faltar
Esse ano morreu o latino americano
Mas o seu canto na história não morre

A palo seco chega à notícia
Desesperadamente eu grito
A sua música sempre viva
Nas lágrimas do jovem
Que chora a sua partida
Assim como nossos pais

Pedro Junqueira Franco de Castro 29/05/2017

quarta-feira, 22 de março de 2017

Para não dizer que não falei dos espinhos

Para não dizer que não falei dos espinhos

Quem disser que não viu o espinho
Se esqueceu que no caminho
Há uma terceira margem na flor
Que a dor não nos deixa mentir

Fruto de atos inconsequentes
Nutrido por maus pensamentos
Nasceu um espinho na flor
Com ela sempre vai estar

A flor na sua inocência
Sem querer se viu espinho
Pediu perdão pelas horas
Ficou à esperar a sorte

Entregue a hábitos furtivos
Que lhe furtavam o destino
Paga hoje o preço da escolha
De na hora certa se omitir

Colocou-se em silêncio a flor
Pois de espinho não se fala
Se chora, se cala e deixa ir
Não se guarda a mágoa

Pedro Junqueira Franco de Castro 20/02/2017

Estado laico de Deus

Estado laico de Deus

O regimento garante a reza
Ainda que sem a boa vontade
Por trás de toda formalidade
Existem muitas más intenções
Está aberta assim a solenidade
O espetáculo feito com o público

Interrompe a única impertinente
Apesar de ser a mais coerente
Pela postura dessa mulher
Representada está a juventude
Que questionando faz sua parte
No circo do palhaço sem futuro

Proclamam a palavra de Deus
Mas na hora de assinar o papel
Querem proteger só os seus
Esquecem que o estado é laico
Porém isso nunca os impediu
De levar o seu Deus no coração
Pedro Junqueira Franco de Castro 10/02/2017

Capital de todos os cantos

Capital de todos os cantos

Eles querem te embelezar
Como se já não fosse bela
Só por ser quem tu és
Cantada por Adonirans, Caetanos e Criolos
És Sampa, a capital da pluralidade

Se não fosse um retrato
Da realidade abstrata
De esquinas tão dispersas
Pelas suas frestas se vê
Que nem tudo é o que parece ser

Mas não poderá a audácia
Dos nobres que se elegeram
Calar o clamor da diversidade
Que é fruto da desigualdade
Pois de trás de toda essa vaidade
Há uma máscara que não te representa

Ainda que prefeitos pintem seu muros
Não apagarāo o colorido que transborda
Pelas bordas de seus sorrisos
Por mais que eles queiram
Tu nunca deixará de ser
A acolhedora de todos os cantos

Pedro Junqueira Franco de Castro 18/01/2017 10:28

Poema por uma nova era

Poema por uma nova era

Desista de esperar sentado
O sonhado mundo melhor
Pois o novo começa em você
E se espalha por toda a terra

Que você saiba expressar
A poesia que há em tudo
Aprenda a revidar o ódio
Com todo amor que houver

Troque os desejos egoístas
Por uma felicidade altruísta
Faça da terra um novo céu
Posto que é esse o nosso lar

Abandone a velha esperança
Na volta do nosso salvador
E passe a ser você mesmo
A salvação do seu destino

Pedro Junqueira Franco de Castro 31/12/2016 17:02

Caminho do meio

Caminho do meio

Sigo o caminho da direita
Por volta só alguns sorriem
Generais, militares e coronéis
Junto com todos os seus ais

Me viro então para esquerda
Em volta muitos sonham só
Radicais, ditadores e guerrilhas
Ainda estou preso aos ais

Busco o caminho do meio
Vivo em um mundo dual
Não preciso de ideologia
Tenho que seguir em frente

Pedro Junqueira Franco de Castro 30/11/2016 18:59

Chapecoense até o fim

Chapecoense até o fim

O grande time de Condá
Deixou o seu condado
Guerreiros preparados
Para uma batalha final

Não era apenas futebol
Eram sonhos a se realizar
Não era apenas um voo
Era o caminho até a glória

A equipe que subiu tanto
Hoje chegou até o céu
Os que serviram ao time
Agora servirão só a Deus

O juiz apita o final do jogo
Na vida quem apita é Deus
Se foi ele quem quis assim
Somos Chapecoense até o fim

Pedro Junqueira Franco de Castro 15:26 29/11/2016

Hasta siempre Fidel

Hasta siempre Fidel

Pelos soldados do imperialismo
Foi condenado a tirano revolucionário
Segurava na mão esquerda a revolução
Com a direita construiu uma nação

Vivo um grito de independência
“Pátria ou morte, venceremos”
Dos inimigos só não venceu
Aquela invencível morte

Para muitos sua força era tirania
Que calava a voz da democracia
Mas ignorante não era seu povo
Na doença sua nação não sucumbiu
Fome as suas crianças não passaram

Talvez se todos tivessem o seguido
Hoje seríamos homens livres
Morre o homem
Seu sonho não
Esse fica
Hasta siempre fiel

Pedro Junqueira Franco de Castro 26/11/2016

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Fim de mim

Fim de mim

Busquei numa procura sem fim
Por volta só jardins floridos
O meu pedaço de mau caminho
Não seria nada sem mim

Matei as flores do jardim
Pude enfim perceber
A praga que o matava
Era alimentada por mim

Desejei belezas infinitas
Fiz assim pra mal dizer
Aproveitei apenas as findas
Cada vez mais distante de mim

Cessei a busca por um instante
Passei a olhar para dentro
Aquilo que eu procurava
Estava o tempo todo em mim

Pedro Junqueira Franco de Castro 15:03 20/11/2016

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Deus me guarde em vida

Deus me guarde em vida

Deus que me livre
Viver para enriquecer
Sustentar um status
Dispensar o amor
Acumular matéria sem vida

Deus que me livre
Viver só de ser feliz
Sustentar um sorriso
Dispensar a lágrima
Acumular essa mágoa em vida

Deus que me livre
Viver essa miséria
Sustentar esse mártir
Dispensar a alegria
Acumular a desilusão na vida

Deus que me guarde
Trabalho para enobrecer
Leveza para me sustentar
As horas com alegria passar
Sabedoria na vida acumular

Pedro Junqueira Franco de Castro 29/09/2015 17:33

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A dor da gente não sai no jornal

A dor da gente não sai no jornal

Parecia mais uma noite normal para Joana, nordestina que morava em um humilde barraco da favela de Paraisópolis na capital Paulista e trabalhava de faxineira em um prédio de negócios próximo à Avenida Paulista. Ela tomava o seu café requentado com um pouco de leite e assistia a um filme brasileiro que passava na sua televisão de LED, seu único luxo do qual ainda pagava as parcelas. O filme era baseado no romance de uma escritora brasileira, mas isso pouco importava para ela já que mal sabia ler. Ela havia gostado mesmo era da personagem principal, Macabéa, que tinha uma história muito parecida com a sua.
Foi nesse momento de distração que seu mundo começou a ruir, Joana recebeu uma mensagem de celular do seu namorado, João, dizendo que ele havia se apaixonado por outra mulher e queria terminar o relacionamento. Aquela mensagem fez o único castelo de areia que ainda restava para Joana desmoronar, afinal o namorado era a única pessoa que parecia se importar com ela no mundo. No trabalho ninguém notava sua presença, não recebia um bom dia sequer, sua família havia voltado para o Nordeste e a única amiga que acreditava ter era na verdade uma voz eletrônica de um desses disk amizades para o qual ela ligava nos momentos de solidão.
Joana estava inconformada com a mensagem, ele não havia se dado o trabalho de falar aquilo pessoalmente e não deu sequer uma justificativa. Sentindo-se ainda mais triste e sozinha, ela voltou sua atenção para o filme e tentou esquecer tudo aquilo. Foi do enredo do filme que tirou uma ideia para chamar a atenção de alguém e se sentir importante. A Macabéa, com a qual tinha tantas semelhanças, tinha tido o momento mais importante da sua vida na sua morte, foi atropelada por uma Mercedez e virou pelo menos por alguns segundos o centro da atenção de todos na rua. A faxineira decidiu então que o melhor a se fazer era tirar a própria vida, ela acreditava que assim iria ser manchete dos jornais, teria seus 15 minutos de fama e morreria tendo a atenção de alguém.
Ela pegou todos os comprimidos que tinha no armário e tomou todos de uma só vez. Aos poucos começou a ter uma forte intoxicação, sentiu um enjoo imenso e entrou em desespero. O desespero aumentou ainda quando pegou o celular, viu uma mensagem do namorado perguntando se estava tudo bem e desejando boa noite. Joana não havia reparado, mas a mensagem que havia recebido antes era de um outro número, na certa uma triste coincidência, ela havia errado de João. Com o corpo já tomado pela intoxicação, ela não teve forças para responder a mensagem pedindo socorro e a única coisa que conseguiu fazer foi abrir a porta do barracão desmaiando logo na entrada.
A sua sorte foi que o caminhão de lixo passava naquele dia, um dos lixeiros a viu deitada quase sem vida e chamou por socorro. A ambulância demorou a chegar, mas ainda conseguiu resgatar Joana com alguns sinais de vida até o hospital mais próximo. Chegando lá passou por uma lavagem intestinal, recebeu soro na veia para desintoxicação e ficou acamada até acordar. Durante o tempo em que passou desacordada sonhou com seu trabalho, mas algo estava diferente, os chãos do escritório estavam imundos, os papéis vazavam pela lixeira sem ser recolhidos e todos gritavam freneticamente exigindo café. Um verdadeiro caos havia tomado conta do escritório e não havia nada que ela poderia fazer.
Joana acordou meio tonta, sem entender onde estava e ainda com uma forte dor de barriga. Só foi se lembrar da noite anterior quando o médico entrou na sala e percebeu que estava em um hospital.
- Bom dia, Joana - disse o doutor com um tom sério - você ainda deve estar meio confusa por conta da grande quantidade de remédios que ingeriu, mas logo vai estar melhor e vai poder voltar pra casa.
- Peço desculpa pelo incômodo doutor - disse a faxineira sem esconder a vergonha na cara - mas preciso ir embora logo, tenho que ir trabalhar se não perco meu emprego.
- Fique tranquila, Joana, vou te dar um atestado de dois dias, você precisa de descanso.
Apesar de estar muito envergonhada com a situação, Joana ficou feliz pelos dias de descanso e pela maneira atenciosa com que foi atendida pelo médico. Ela sabia como era difícil ter um bom atendimento nos hospitais públicos. Depois de medicada, a faxineira retirou-se para o seu lar. Chegando em casa foi correndo pegar o celular, havia recebido várias ligações e mensagens do namorado. Não pensou duas vezes, ligou correndo e mesmo com vergonha, explicou tudo para o João. Ele foi compreensivo e a partir daquele dia passou a demonstrar mais o carinho que sentia por ela.
Joana teve a ideia de procurar nos jornais e ver se algum deles havia noticiado a sua tentativa de suicídio. Correu até a banca mais próxima e comprou os principais jornais que cobriam a região em que morava. Para o seu espanto e alegria nenhum deles havia publicado o ocorrido, apesar de não conseguir ler nenhuma notícia completa por conta de sua dificuldade de leitura, ela ficou impressionada com a linguagem dos jornais. A maioria deles expunha tragédias e acontecimentos tristes na vida das pessoas, mas nenhum deles falava sobre o sentimento dessas pessoas e não pareciam estar preocupados com a dor que os familiares iriam sentir ao ler a notícia de uma morte por exemplo. Foi então que ela percebeu que a dor da gente não sai no jornal.
Ciente que sua história não havia virado manchete, ela descansou durante o resto do dia e tirou o outro dia para fazer coisas que gostava. Se deu até ao luxo de ir ao cinema com o namorado. Ligou para o trabalho avisando que estava com uma infecção intestinal, pediu desculpas para o patrão pela ausência sem aviso prévio e disse que voltaria no outro dia. Ele compreendeu, pediu para que ela levasse o atestado no dia seguinte e desejou melhoras para Joana.
Acordou cheia de disposição no dia seguinte, chegou no seu trabalho e percebeu que teria muito trabalho a fazer, afinal ninguém tinha feito o seu trabalho durante a sua ausência e a sujeira estava acumulada pelos quatro cantos do escritório. Porém o que mais chamou sua atenção foi que o chefe do departamento pessoal, que era conhecido por ser o mais sem educação e estressado da empresa chegou para ela e perguntou assim que chegou.
- Bom dia, Joana. Fiquei sabendo que esteve ausente, o que houve?
- Bom dia, doutor - apesar de saber que nenhum funcionário ali era doutor, Joana chamava todos de doutor, havia aprendido com seus pais que chamar os outros de doutor era sinal de respeito - tive um pequeno problema de saúde, mas já estou melhor, obrigada.
- Que bom, Joana. Depois passe por gentileza na minha sala, tem muito lixo acumulado e senti falta daquele cafezinho que só você sabe fazer.
- É pra já, doutor.
Joana abriu um sorriso sincero como nunca havia sorrido na vida. Foi então que teve um breve pensamento, a tristeza existe para todos, mas não é colocando-a em uma manchete que vamos conseguir acabar com ela. O melhor a se fazer é trabalhar com alegria, focar nas coisas boas que podemos fazer as pessoas e procurar ver sempre o lado bom da vida. O pequeno incidente fez ela perceber o quanto o seu trabalho era importante na vida das pessoas, mesmo ninguém lhe dando a atenção merecida, ela sabia agora que a sua ausência era sentida. E não demorou muito para o seu serviço ser reconhecido, depois que passou a trabalhar com seriedade e bom humor, foi promovida a chefe do setor de limpeza do prédio em que trabalhava e com o dinheiro que ganhava a mais passou a planejar seu casamento com o João.

domingo, 18 de setembro de 2016

A lenda do menino macaco

A lenda do menino macaco

Era uma tarde ensolarada na aldeia Aracoara, localizada não muito longe da costa brasileira e os indiozinhos brincavam próximo a cachoeira, quando um deles, o Kayapó, percebeu um movimento estranho entre as árvores. Intrigado como todo criança fica quando vê algo diferente, ele chegou mais perto e se deparou com um macaco comendo algumas frutas. O menino ficou encantado, aquele macaco não se parecia com nenhum que ele já tinha visto na região, era forte e tinha a pelagem das mãos ruivas. O macaco despertou o interesse do pequeno índio, ele queria ter os pelos ruivos como os da mão do macaco, queria ser diferente do resto da tribo, não gostava de se parecer igual a todo mundo.
Kayapó se lembrou ter ouvido o pajé da tribo uma vez falar que ao comer a carne do animal, nos tornamos um pouco ele e ficamos com algumas das suas características. Então, mesmo sabendo que os índios pequenos não tinham permissão para caçar em sua tribo, ele pegou o arco e flecha escondido do seu pai e entrou na mata a procura do macaco de mãos ruivas.
Não demorou muito tempo para Kayapó reencontrar o macaco, ele estava próximo do local onde ele o viu anteriormente, só que agora descansava no tronco de uma árvore. O pequeno índio logo pensou que estava com sorte, como o macaco dormia seria uma presa fácil, ainda que ele não sabia direito mirar as flechas. Ele acertou o macaco de primeira, que caiu no chão se contorcendo e dando berros de dor.
Assustado, o pequeno índio esperou até o macaco parar de berrar e depois foi levar o macaco orgulhoso para os pais. Kayapó foi correndo orgulhoso mostrar o resultado da caçada para a tribo. Porém chegando lá teve uma surpresa não muito boa, seu pai o esperava na oca com a cara fechada. E não demorou muito para bronca do pai vir.
- Kayapó estou muito bravo com você, não pude ir caçar hoje com o resto da tribo, pois não encontrei meu arco e flecha - disse o pai em tom severo - sabia que era você tinha pego, me dê isso aqui agora.
- Me desculpe pai - disse o menino de cabeça baixa - eu queria caçar esse macaco, quero ter a pelagem ruiva como ele.
- Que grande besteira Kayapó, você não vai ter a pelagem ruiva por caçar o macaco - continuou o pai ainda em tom severo - além disso, você sabe muito bem que crianças como você não tem permissão para caçar, a caça é uma tarefa apenas dos mais velhos.
O garoto devolveu os instrumentos de caça para o pai junto com o macaco, inconformado por não ter recebido nem um parabéns pela caça. Ele não conseguia aceitar o fato das crianças não poderem caçar com o resto da tribo, queria ser diferente, queria ser como os adultos. Foi dormir triste e teve um sonho bizarro no qual se tornava um macaco.
No outro dia acordou meio estranho, com a visão alterada e uma vontade louca de subir em uma árvore. Saiu pulando da oca até a árvore mais próxima, deu um salto alcançando o primeiro galho e ali ficou pendurado. Ele ainda não havia percebido, mas estava se comportando como um macaco. Só foi cair em si quando estava prestes a comer uma fruta ainda com casca.
Seus pais notaram sua ausência, passaram a lhe procurar por toda parte sem encontrar, não demorou muito para o desespero bater e toda tribo sair em sua busca. Ele começou a ouvir ruídos estranhos, parecia familiar, mas ele não conseguia decifrar o que era. Levou um susto quando seu irmão mais velho se aproximou, viu ele em cima da árvore e começou a falar com ele.
- Desça daí agora Kayapó, todos na tribo estão a sua procura - disse o irmão em tom de reprovação - desça daí logo e venha, você está parecendo mais um macaco.
O desespero bateu no pequeno índio, ele via seu irmão falar mas não conseguia compreender uma palavra sequer. Era como se eles não falassem mais a mesma língua, ele só desceu da árvore por compreender o gesto severo do irmão ordenando a sua descida. Porém tentou responder algo ao irmão e ao invés de palavras saíram da sua boa apenas ruídos sonoros muito parecidos com os de macaco. O irmão olhou para ele espantado e saiu correndo para chamar seus pais.
Kayapó foi correndo atrás do irmão, estava desesperado sem conseguir compreender nada do que acontecia. Será que o fato de ter matado o macaco teria o transformado em um macaco também? Seria uma vingança da mãe natureza para o seu ato de imprudência? Por mais que tentasse, os seus pensamentos não pareciam ter a mesma clareza que tinham antes.
Chegando na tribo o irmão foi correndo contar aos pais o acontecido e o menino agora macaco veio logo atrás. Os pais pareciam ainda mais espantados com a situação, não conseguiam compreender uma palavra sequer de Kayapó e vinham que o menino tinha os mesmos gestos de um macaco. A mãe se pôs a chorar e o pai foi correndo conversar com o pajé da tribo.
- Tacumã me ajude por favor, nosso menino Kayapó tornou-se um macaco - disse o pai em tom de desespero.
- Se acalme Ubã - disse o pajé sempre em tom sereno - diga-me o que aconteceu e eu poderei ajudar, não há nada sobre a terra que não possa ser resolvido com a ajuda da mãe natureza.
O pai contou então tudo que havia ocorrido no dia anterior, a caça escondida do filho, o desejo do pequeno de parecer diferente e a forma estranha como o filho estava se comportando. O pajé ficou intrigado com o caso, já havia escutado histórias de vingança da mãe natureza por conta de caças proibidas, mas nada parecido com aquilo. Porém como todo bom pajé manteve a calma e ordenou que o pai trouxesse o filho durante a noite para um ritual na floresta.
Assim como combinado, o pai apareceu com o filho na oca do pajé no final da tarde e os três partiram para o meio da floresta. Chegando lá encontraram uma clareira onde montaram uma pequena tenda com folhas de bananeira e o pajé preparou o espaço para o ritual. O pequeno Kayapó assistia a tudo sem entender quase nada, nunca havia participado de um ritual na floresta, isso também era privilégio para os adultos da tribo. O pajé retirou um líquido escuro de uma cumbuca e serviu para os três falando.
- Tomem esse líquido sagrado, é o vinho das almas, capaz de abrir todos os portais da mente e nos mostrar a verdade. Todo respeito é necessário quando estamos sobre o poder da ayahuasca.
Os três tomaram a bebida sagrada e o velho pajé começou a cantar um canto que aos poucos foi tomando conta da mente do pequeno Kayapó. O menino deixou-se levar pela música e sem perceber adormeceu. Acordou dentro de um sonho estranho, sabia que estava sonhando, mas tinha total controle sobre as suas ações. Um velho macaco apareceu do nada e foi logo dizendo.
- Me siga, eu tenho a cura para sua loucura - disse o macaco em tom desafiador e saiu em disparada pulando de galho em galho.
Ainda que sem entender, Kayapó seguiu sua intuição e correu atrás do velho macaco floresta a dentro. O velho macaco parecia que não ia parar, pulava de um lado para o outro e menino o seguia meio confuso. Os dois só pararam no topo da árvore mais alta, de onde dava para ver toda a floresta e tudo que estava lá embaixo. Foi então que o velho macaco disse.
- Preste bem atenção nas minhas palavras, tudo a sua volta está em equilíbrio, até mesmo o animal que come outro o faz por puro instinto natural e é isso que garante a manutenção de todas as espécies sobre essa Terra. Cada ser criado pela mãe natureza está no lugar que deveria estar e possui tudo que é necessário para evoluir. Quando você matou aquele macaco na ânsia de o comer apenas para querer ser diferente do resto da sua tribo, você provocou um desequilíbrio na mãe natureza - disse o xamã macaco em tom sério - e a natureza cobra tudo que retiram dela sem sua permissão.
- Mas e agora senhor macaco? Serei para sempre um menino macaco? Não quero, quero voltar a ser índio, como posso fazer para me redimir? - disse o menino em tom de arrependimento.
- Se eu dissesse o que deve fazer, estaria tomando o lugar da sua natureza - disse o velho macaco - você deve ouvir seu coração, ele está em sintonia com a mãe terra e saberá te levar de volta para o seu lugar.
A fala do velho macaco fez o menino acordar com um grande enjoo e ele começou a expelir um líquido verde fluorescente pela boca. O regurgito parecia não ter fim, era como se o menino estivesse expelindo todo o mal que havia feito a mãe natureza. Cansado e ao mesmo tempo aliviado, o menino deitou na tenda e só foi acordar no outro dia.
Kayapó acordou quando os primeiros raios de sol tocaram o seu rosto, não estava mais confuso como no dia anterior, era como se o ritual tivesse subido sua frequência até os céus e ele tinha agora a compreensão de tudo a sua volta. O menino deu um abraço amoroso em seu pai e outro no pajé como forma de gratidão. A sua loucura estava curada, ele não tinha mais a ânsia de ser diferente, compreendia o seu papel na tribo e nesse mundo. Passou a aceitar que tudo tinha sua hora para acontecer, cresceu em sintonia com a sua natureza e se tornou o maior pajé que a tribo Aracoara já tinha visto.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Sonhada liberdade

Sonhada liberdade

Ponho os pés no chão
Sinto seu movimento
Gira sempre no ritmo
A firmeza do aprender

Toco as mãos na terra
Ouço seu coração bater
Na sintonia do compasso
A carícia que me faz viver

Preso a sua gravidade
Onde mora o tempo
Voa meu pensamento
Em busca de liberdade

Sei que nada levarei
Tudo que me foi dado
Será um dia devolvido
E eu enfim ascenderei

Pedro Junqueira Franco de Castro 11:07 15/09/2016

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O bem anunciado

O bem anunciado

Na escuridão do anoitecer
Chegou sem ser anunciada
Aquela que para todos chega
Até para os que fazem o bem

Naquele amanhecer nublado
Lágrimas escorriam anunciando
Nos corações um grande vazio
Deixado pela partida do amado

Em um entardecer iluminado
Pássaros voavam anunciando
A porta do céu estava aberta
Para receber o homem de bem

A noite logo chega novamente
No peito uma saudade anunciada
Adormece sempre na esperança
Do reencontro no caminho do bem

Pedro Junqueira Franco de Castro 07/09/2016 18:52

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O dia em que Apolo se apaixonou por Poseidon

O dia em que Apolo se apaixonou por Poseidon

Parecia um dia normal na antiga Grécia, os Deuses do Monte Olimpo mantinham a paz na terra com seus pensamentos, enquanto os humanos desenvolviam seus afazeres com dedicação. Porém uma inquietação parecia tomar conta dos pensamentos de Apolo, que havia se recuperado há pouco tempo o trágico final de relacionamento com o príncipe Jacinto da Macedônia e passava a maior parte do tempo se divertindo com seus amantes ninfos. Apolo parecia estar cansado daquela entrega carnal e começava a sentir necessidade de se apaixonar novamente. Inquieto, resolveu caminhar pelas praias dos mares Nórdicos da Europa, mais especificamente em Asgard. A companhia do mar parecia preencher o vazio deixado pelo último relacionamento, a brisa parecia amenizar a dor que sentia materializada pelas lágrimas salgadas que escorriam pelo seu rosto chegando até o mar calmo.
Apesar da pequena trégua, a dor dessa vez parecia ser persistente e quanto mais pensava na solidão, mais lagrimas caiam do seu rosto em direção ao mar e o liquido sagrado que escorria do seu rosto parecia agitar o mar. Era como se a tristeza presente nas lagrimas alterasse a vibração das moléculas da água do mar e com isso enormes ondas se formavam. Toda aquela agitação chamou a atenção de Poseidon que descansava na ilha de Atlântida e estranhou o mar daquela região ficar agitado nessa época do ano. A bordo de sua nau resolveu ir até o local ver o que causava tanta agitação a um mar tão calmo.
Chegando no local Poseidon se deparou com Apolo deitado na beira do mar, com as pontas dos pés sendo aos poucos engolidas pelas ondas e com lágrimas ainda a cair do rosto. Apolo estava tão perdido no vazio da sua solidão que nem chegou a sentir a presença de um Deus e isso chamou ainda mais a atenção de Poseidon. Como um Deus poderia sentir uma tristeza tão grande, sendo ele um dos filhos mais respeitados, admirados e adorados de Zeus? O deus dos mares foi se aproximando aos poucos e sem que Apolo notasse sentou ao seu lado na areia e começou a acariciar seus belos cachos. Apolo estava tão paralisado pela tristeza que só percebeu a caricia quando Poseidon resolveu falar:
- Diga meu sobrinho, o que pode ser tão ruim assim a ponto de deixar um dos deuses mais poderosos do Olimpo tão triste?
- Não é nada não, apenas estou apreciando a solidão do mar e esperando que ela preencha um coração vazio – disse Apolo sem conseguir esconder a vergonha no rosto e enxugando as poucas lágrimas que ainda estavam no rosto.
- Você sabe que pode confiar em mim, faria de tudo para que essa tristeza saísse do seu olhar, não gosto de ver um Deus sofrendo as dores de humanos – nesse momento o Deus dos mares se aproximou ainda mais de seu sobrinho, lhe deu um abraço e completou – Não precisa se sentir envergonhado, diga-me os motivos, quem sabe assim eles não sumam dos seus pensamentos.
Apolo se sentiu mais à vontade e começou a contar todas as intempéries do seu último relacionamento. Na medida em que extravasava aquela dor em palavras para alguém tão próximo, a tristeza parecia se dissipar e um alívio passava a tomar conta de seu peito. Poseidon escutava tudo espantado e ao mesmo tempo admirado, como um Deus pode sentir um amor tão forte por um humano? Ainda que belo e príncipe de uma região tão rica como a Macedônia, Jacinto era apenas mais um humano e não merecia lagrimas tão sinceras de um Deus como Apolo. A humildade e sinceridade de Apolo fez Poseidon sentir algo estranho pelo sobrinho, um misto de admiração e desejo de se sentir amado com a mesma intensidade que Apolo parecia amar aquele humano.
Os dois conversaram durante horas e companhia do tio fez a tristeza da solidão abandonar o peito de Apolo e no final eles se despediram com um demorado abraço e saíram dali compartilhando um sincero sorriso no rosto. Mas não demorou muito para uma inquietação tomar conta do pensamento de Apolo novamente, porém dessa vez não era por saudades do humano, o poderoso Deus sentia agora uma estranha atração e admiração pelo tio Poseidon. Aquilo o deixava ainda mais agitado, poderia aquele encontro ter despertado um sentimento que não seja fraternal por um parente tão próximo? Apolo tentou de todas as maneiras fugir daquele sentimento, mas nem mesmo os ninfos conseguiram deter aquela vontade e ele passou a visitar o tio com uma frequência cada vez mais intensa.
Poseidon gostava da companhia do sobrinho e também sentia algo especial por ele e isso o deixaria cada vez mais preocupado. Não pelo fato dele sentir uma atração tão forte por alguém do mesmo sexo, isso era normal na Grécia antiga e ele já havia se envolvido com outros humanos. Mas o que preocupava o Deus dos mares era a intensidade daquele sentimento, afinal das últimas vezes que ele havia se envolvido com homens era apenas atração carnal e nunca antes havia se apaixonado por um Deus. Fora que Apolo era seu sobrinho, isso poderia causar grande impacto no Olimpo e ainda provocar a fúria de Zeus.
Porém os encontros aconteciam cada vez com mais intensidade e o sentimento entre o tio e o sobrinho ficava a cada dia mais forte. O fato deles passarem boa parte do tempo juntos passou a chamar a atenção dos deuses do Olimpo e até mesmo os cidadãos gregos. Mas mesmo as conversas das más línguas não pareciam abalar a sintonia do sentimento que brotava entre os dois deuses.
O sentimento era sincero, não havia como negar, até mesmo um cego poderia notar a sincronia expostas pelos gestos dos dois quando estavam juntos, era como se a presença dos dois espalhasse harmonia e alegria pelo Olimpo. Porém, apesar desse forte sentimento, os dois ainda não tinham consumado esse amor, nem mesmo com um beijo e isso começava a angustiar Apolo. Ele não sabia, mas Poseidon jamais teria coragem de se entregar a um amor como esse, afinal ele era um Deus conservador e não entendia os sentimentos libertinos que regiam a vida de Apolo.
Enquanto nada acontecia Apolo seguia oscilando entre os momentos alegres passados ao lado de Poseidon e a angústia de esperar aquilo ser de fato consumado. A vida pode parecer um pesadelo diante da ansiedade de esperar por algo que temos certeza que pode acontecer e nunca acontece. E era assim todo encontro dos dois, passavam horas se divertindo e até o fazer nada parecia ser melhor quando estavam juntos. Mas assim que se despediam uma angústia passava a dominar os pensamentos de Apolo.
Essa angústia passou a atrapalhar os afazeres de Apolo e aquilo que parecia ser um sentimento bom passou a perturbar sua paz. Poseidon por sua vez se sentia confortável com a situação, pois sentia que havia conquistado a admiração do sobrinho e não sentia tanta necessidade de dar um passo à frente nesse relacionamento. O sentimento foi tomando conta de Apolo até que um dia ele não resistiu e resolveu se abrir ao tio em um desses encontros a beira do mar.
-Poseidon tem algo que preciso te falar, me faz muito bem as horas que passo ao seu lado e a nossa amizade tirou um grande vazio do meu peito- confessou o sobrinho meio sem jeito- mas algo estranho tem acontecido, sempre depois que vou embora me bate uma angústia. É como se algo muito bom fosse acontecer a qualquer momento e esse algo nunca acontece.
-Querido Apolo, eu não sei muito o que te dizer – disse o tio ainda mais sem jeito- carrego comigo um sentimento muito especial por ti e desejo muito sua felicidade.
-Não precisa me dizer nada, apenas te disse isso pois me sufocava e precisava ser sincero. Eu também te quero muito feliz - nessa hora Apolo hesitou um pouco, queria muito dizer que se Poseidon se permitisse poderiam viver uma das histórias mais lindas de amor, mas teve medo de assustar e se distanciar do tio- e sinto que você deseja o meu bem.
-Espero que compreenda que apesar de ter esse sentimento tão sincero por ti, não seria capaz de enfrentar tudo e todos para levar isso a frente. Prefiro ser somente um amigo e não alimentar falsas esperanças, compreendo e admiro sua coragem e liberdade, mas tenho uma maneira diferente de ver a vida.
Os dois deram um abraço demorado, apesar de toda sinceridade e intensidade do abraço, havia nele um certo ar de despedida. Por Poseidon eles permaneceriam com aquela amizade, para ele já bastava a companhia do sobrinho, mas Apolo por mais que tentasse não conseguia controlar aquele sentimento. Diante da angustia preferiu se afastar aos poucos, precisava esquecer o tio para enfim se ver livre e poder amar novamente.
Não foi tarefa fácil para Apolo se livrar da dor de mais uma separação amorosa, ele não conseguia entender os motivos de não encontrar seu grande amor, tinha um sentimento muito profundo de companheirismo que precisava ser alimentado por alguém. A solidão parecia não bastar, ele queria dividir momentos de alegria, cuidar de alguém por quem tivesse um sentimento especial e tinha a necessidade de ser importante na vida de alguém. Ele sempre se perguntava, como poderia um Deus sentir um vazio tão grande no peito? Ele era um Deus, deveria se bastar.
Apolo resolveu voltar onde tudo aquilo havia começado, passou a tarde na praia olhando o mar, com a cabeça cheia de lembranças de amores passados e a angústia por respostas. Começou um choro repentino, que foi se intensificando até o anoitecer, aos poucos as lágrimas iam caindo e se perdiam na imensidão do mar. A noite chegou e Apolo dormiu ali mesmo, com lágrimas ainda escorrendo dos olhos e um vazio no peito. Durante a noite teve sonhos intensos com lembranças das coisas boas que havia feito para os outros na ânsia de encontrar seu grande amor.
Acordou no outro dia com o nascer do sol, sentiu a brisa leve tocar o seu rosto, o calor do sol aquecer sua pele e respirou um ar que parecia tão puro que preencheu completamente seus pulmões fazendo diminuir sua densidade e ele se sentir mais leve. As lágrimas pareciam ter ajudado a enterrar seus castelos junto com a areia da praia. Ele acordara apenas com as lembranças boas dos amores perdidos e um sincero sentimento de plenitude. Era como se da noite para o dia ele estivesse curado de toda dor e passasse a compreender que apenas o fato de existir já lhe bastava.
A partir daquele dia Apolo passou a ver a vida de uma maneira diferente, havia leveza e harmonia no seu caminhar, o vazio do seu peito era preenchido pelas pequenas coisas que gostava de fazer, como caminhar pela praia, comer uma fruta saborosa direto do pé, passar horas se divertindo com os amigos e cuidando daqueles que amava. Aquele amanhecer na praia lhe fez se sentir completo por fazer parte do todo. Ele chegara a compreensão que nunca esteve sozinho e o mundo era sua companhia para toda vida.
Apolo continuou espelhando sua luz pela eternidade, viveu grandes amores depois daquele, sempre sem se esquecer que amores vem e vão e o que permanece são os momentos compartilhados com alegria. Você nunca irá encontrar um único amor na sua vida, mas sim pessoas com quem vai dividir grandes momentos e tirar importantes lições. Afinal Apelo havia aprendido a maior de todas as lições: viemos para o mundo sozinhos e partiremos sozinhos, mas temos olhos para aprender a ver o próximo, ouvidos para escutar com afeto, olfato que nos permite perceber o aroma que exala das nossas atitudes, tato para tocar o coração com as mãos e paladar para aprender a saborear cada momento. Aquele Deus havia aprendido a lição mais divina, antes de procurar no outro a divindade que há em cada ser é preciso saber reconhecer e amar o lado divino que há dentro de sua própria vida.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Aracoara

Aracoara
Brotam dos sonhos
Dessa sua gente
Todos os mistérios
Da sábia serpente

És luminosa fonte
Na tarde alaranjada
Com aroma cítrico
Uma bola dourada

Sua chama xamã
Ilumina a floresta
Floresce no filho
Luz da nova era

Hoje em seus trilhos
Só passa a saudade
Lá de cima do balão
És uma nova cidade

Não vim dessa terra
Mas dela me tornei
O sol que brota nela
Em mim morada fez

Pedro Junqueira Franco de Castro 22/08/2014

domingo, 13 de setembro de 2015

Do tempo de amar

Do tempo de amar

Não estava ali às claras
Talvez fosse só faísca
Guardada em segredo
Onde mora o tempo

Não existia em palavras
Ainda que amigáveis
Perdidas nas horas
Fazia eterno o tempo

Não era ato consumado
Embora que de costume
Você escolhia pousar
Estava a voar o tempo

Não lamento o perder
Alegre por encontrar
O amor que cresceu
Junto ao nosso tempo

Pedro Junqueira Franco de Castro 13/09/2015 12:10

domingo, 11 de maio de 2014

Mãe divina

Mãe divina

Terra fértil da criação
Foi no seu ventre
Que a luz fez morada
Fazendo surgir a vida
Coroando um novo ser

Ao ver sofrer sua cria
Lança o olhar protetor
Iluminada estrela anciã
Zela para que a vida
Seja feita só de amor

Pelas ruas da cidade
Em todo toque de flor
Vê-se a mãe natureza
Despertando seus filhos
Para um novo tempo

Senhora das razões
Rainha do meu destino
Agradeço pela vida
Louvando o meu dia
Dando o melhor de mim

Pedro Junqueira Franco de Castro 19:50 11/05/2014

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Mar para amar

Mar para amar

Quando estou no mar
A dor que temo sentir
Perde-se na imensidão
Libertado da solidão
Eu me entrego a amar

Ser com os pés na areia
Lembrança da infância
Um vestígio de sereia
Sonho da abundância
Que nos lança ao mar

Nada mais é o oceano
Altar feito por deuses
Infinita sua existência
Encontro de céu e mar
Que faz sua vida valer

Na sua leve companhia
Sou o que eu quero ser
Ainda que alma carente
Por não poder ter tudo
Tenho o mar para amar

Pedro Junqueira Franco de Castro 16:29 29/12/2013

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Do amor que não doei

Que o olhar desconfiado
Do que me desconhece
Não leve embora a chama
Que ilumina os caminhos

Na busca pelo perdão
Apenas pague o preço
Do amor que não doei
Por caminhar distraído

Assumo meus pecados
Sem o peso da culpa
Encontro no meu irmão
Um espelho de perdão

Que eu seja inocentado
Libertado do julgamento
Encontre leveza na vida
Enquanto agir com amor

Pedro Junqueira Franco de Castro 21/11/2013 12:45

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ser de luz

Ser de luz

Você é caminho de luz
Que leva até o infinito
Canal terrestre divino
Ser em forma de poesia

Borboleta de luz azul
Beija-flor que trás cura
Contagia com seu amor
As águas por onde passa

Com seu bailado celestial
Faz a roda do mundo girar
Iluminando os caminhos
De quem contigo caminhar

Gratidão é unir minha luz
Ao brilho que de ti emana
Nessa caminhada da vida
Que nos levará até o sol

Pedro Junqueira Franco de Castro 11/11/2013 12:41

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Primavera anunciada

Primavera anunciada

Caem gotas astrais do céu
Anunciando a primavera
Todos viemos ao mundo
Para desabrochar em flor

O tempo que julga perder
Lá fora vibra florescendo
A alegria é compartilhada
Dentro do âmago do ser

Ao se distrair com a flor
O amor se materializou
Florescendo o caminho
Abriu as pétalas do ser

O dia se igualou a noite
Na terra os seres do céu
Impulsionados pelo sol
Festejavam o celestial

Pedro Junqueira Franco de Castro 22/09/2013 16:13

Despedida anunciada

Despedida anunciada

Um dia minha presença
Sutilizada feito o amor
Vai ecoar pelos ventos
Através da eternidade

Serei lembrado pela brisa
Breve será meu perfume
Estarei na lembrança suave
Daquele que o vento tocar

Vou estar para sempre
Nas árvores que plantei
Nos animais que cuidei
Nos amigos que cultivei

Nada serei na matéria
Mas estarei presente
No sorriso lembrado
No arrepio da pele
No abraço consolo
Na lágrima a cair...

Pedro Junqueira Franco de Castro 14:23 21/09/2013

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O mensageiro do bem

O mensageiro do bem

Por pura vaidade do homem
Ainda que por fatalidade
Amanhece boiando na água
Aquele que anuncia o bem

O fim trágico no amanhecer
Mancha as águas de dúvida
Fazendo escorrer a lágrima
Despertando a fúria divina

Mas logo no final da tarde
Canta o casal de bem te vi
Anunciando a volta da paz
Dentro de nossos corações

O alecrim trouxe purificação
Apolo devolveu a harmonia
O bem te vi voa abençoado
Afirmando o bem reina aqui

Pedro Junqueira Franco de Castro 30/08/2013 12:48

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Baile na floresta

Baile na floresta

Descansar na sombra da mata
Escutar o canto dos canários
Espreitar a bela onça pintada
Abraçar a sabedoria da árvore
Fazer parte dessa grande festa

Subir os degraus da escada
Que levam até a eternidade
Catalisar toda negatividade
Cristalizando a positividade
Bem no centro do meu ser

Caminhar por suas trilhas
Deixar se levar pelo aroma
Se distrair com raios de sol
Que invadem seu profundo
Fazendo o broto virar a flor

Bailar com os seres invisíveis
Que habitam nossa floresta
Tocar o ritmo que fica no ar
Sentir a presença do espírito
Silencioso vai regendo a vida

Pedro Junqueira Franco de Castro 18:19 27/08/2013

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O pássaro homem

O pássaro homem

Um pássaro preso
Na gaiola da mente
Clama por liberdade
Desesperado canta
Seu desejo de voar

Assim é o homem
Escravo da mente
Preso na definição
Angustiado canta
Anseia apenas ser

Longe de si mesmo
Domina por medo
Esquece da verdade
Mais vale mil livres
Do que um na mão

Pedro Junqueira Franco de Castro 16:14 26/08/2013

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A sutileza de ser

A sutileza de ser

Quando nada se anseia
Tudo se tem na gratidão
O presente trás a dádiva
Conquistada com a lição

Se no caminho certo esta
A abundância transborda
Em posse do necessário
Para poder ser o que se é

O caminho da liberdade
Mora dentro de cada um
Vivendo nele se encontra
A sutileza de apenas ser

Pedro Junqueira Franco de Castro 14:39 21/08/2013

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Frutificar

Frutificar

Buscar no profundo da terra
A iluminação da ressurreição
Enterrar no solo o passado
Germinar um novo presente

Frutificar a semente certa
Vinda do deserto da alma
Junto com ventos do norte
Que guiam nosso caminhar

Renascer na chama da vida
Incorporar o fogo da alma
Que ilumina os caminhos
Liberta velhos julgamentos

Deixar que a água leve
Qualquer brisa breve
Saciando nossa sede
De ser apenas um ser

Pedro Junqueira Franco de Castro 15:27 19/08/2013

terça-feira, 30 de julho de 2013

A árvore dos sonhos

A árvore dos sonhos

Cresce a árvore do sonho
Na grande floresta da vida
Nutrida pelo firmamento
Regada com todo o amor
Podada com a sabedoria
Compartilhando os frutos

Plena em sua existência
Vive o coletivo da mata
Alimentado os sonhos
Nutrida com as pedras
As gotas do céu regam
A sábia formiga poda

Eis o prelúdio da árvore
Sonho coletivo da mata
Sozinha não poderia ser
Sonhada seria só sonho
Na comunhão da selva
Torna-se realidade viva

Pedro Junqueira Franco de Castro 30/07/2013 14:04

domingo, 28 de julho de 2013

A vitória do nosso

A vitória do nosso

O vitorioso momento
Da provação presente
Ser faísca do espírito
Acordar para o Cristo

Vencer o gigante eu
Poder provar do mel
Grato pela pequenez
Da chispa que é a vida

Comungar a viva mata
Seres da natureza viva
Saber que nada é meu
Tudo é da nossa tribo

Reconhecer o milagre
Somos fagulhas de luz
Encenando livremente
No bailado dos Deuses

Pedro Junqueira Franco de Castro 22:25 28/07/2013

O querer do poeta

O querer do poeta

O querer do poeta é doentio
Um querer sem medida e fim
Brota do profundo da alma
Morre nas lágrimas do rosto

Ele é uma criança mimada
Inventa quando não tem
Abusa das possibilidades
Até esgotar o inesgotável

A sorte é que ele tudo pode
Dentro da vasta imaginação
Que cria mundos impossíveis
Concretizados em sua poesia

Pedro Junqueira Franco de Castro 23:35 27/07/2013

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O amor efêmero

O amor efêmero

O amor é uma doce ilusão
Invenção de poetas loucos
É uma cegueira por opção
Vai morrendo aos poucos
Amor mesmo só de mãe
Não morre após a cama

A paixão é feito chama
Na cama acende o pavio
No cotidiano apaga e doí
Depois derruba na lama
Inflama na folia da noite
Vira cinzas na quarta-feira

O desejo é pura imaginação
Fruto furtivo nascido a noite
Fingir da dissimulada dama
Ato clandestino do coração
Vontade passageira do ego
Que some com a luz do dia

Pedro Junqueira Franco de Castro 11:59 25/07/2013

Estranhos no ninho

Estranhos no ninho

O amor é fruto da imaginação dos amantes e quando um deixa de imaginar é certo que o outro vai sofrer. Não foi diferente no caso de Thor e Alice, eles se conheceram no treinamento da empresa, Thor era o instrutor sonhador que fazia das suas aulas uma diversão e Alice uma jovem cheia de ambições que via o emprego novo como uma oportunidade de ascender na vida. Thor se apaixonou logo que viu a jovem entrar na sala e usou de todas suas armas para seduzi-la, ela que não sabia bem ao certo o que queria da vida não deixou a oportunidade escapar. Em pouco tempo os dois formaram um desses casais que não se desgrudam, era uma sintonia perfeita de causar inveja em solteiros encalhados e de assustar pelo pouco tempo que se conheciam.
Qualquer pessoa que conhecia o casal poderia jurar que o romance dos dois iria durar um bom tempo, talvez até mesmo para sempre e que não seria mais um desses namoros efêmeros dos dias de hoje e era o que Thor desejava, pois já tinha seus vinte e nove anos e desejava experimentar algo mais duradouro que seus antigos namoros. Mas em pouco tempo a rotina, o tedio e o fato dele ter sido dispensado da empresa começaram a mudar esse quadro. Alice que antes o via como um cara responsável e maduro conheceu o lado imaturo e dependente de Thor e ele logo percebeu um certo distanciamento por parte dela e passou a achar ela egoísta por ser incapaz de compreender sua situação.
Com a queda da máscara ilusória da paixão os pequenos defeitos foram surgindo e o convívio passou a ser pesado, prejudicando até mesmo o desempenho sexual do casal. Thor sentia-se inseguro perto dela e passou a fazer de tudo para agrada-la, mas nada era suficiente e ele se via incapaz de satisfazer as expectativas da garota. Ela por sua vez havia perdido a fé naquele relacionamento e por ser ainda muito jovem podia se desapegar facilmente da situação, apesar de sentir que de certa maneira amava Thor. Não demorou muito para o fim já anunciado acontecer e foi da maneira mais trágica para ele, um dia antes de seu aniversário Alice pôs um fim na relação alegando que havia confundido seus sentimentos e que o via somente como amigo.
Os dois tentaram permanecer juntos como amigos, outra triste ilusão pois ele continuava a fazer de tudo para reconquistar o coração da garota e para ela apesar de se ver em uma situação confortável sabia que o fazia sofrer. Aos poucos um foi pegando implicância pelo outro, a insistência dele em querer ser amante e dela em querer ser somente amiga foi causando um distanciamento entre os dois. Agora, os dois que no início pareciam um casal de pombinhos apaixonados, eram dois estranhos no ninho de amor que haviam construídos juntos. Depois de uma troca de acusações por mensagem de celular os dois cortaram relações e nunca mais se falaram, provando o óbvio que quem nasceu para ser amante nunca poderá ser somente amigo.

Pedro Junqueira Franco de Castro 24/07/2013 21:37

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dominguinhos, o cangaceiro da paz

Dominguinhos, o cangaceiro da paz

Bom demais ficou o céu
Até as pedras cantaram
O velho xote do sertão
Com o regresso do rei

Brilha a estrela mais linda
Cantando pra nós do céu
Pois ele abriu sua porta
Lá sua vida vai prosseguir

Difícil será ficar sem você
O pensamento vai viajar
Para buscar o aconchego
Na sua voz que trás paz

Pedro Junqueira Franco de Castro 23/07/2013 23:03

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Natureza divina

Natureza divina

Descanso os olhos na criação
Sinto meus pés tocar a terra
Escuto os sons do anoitecer
Deixo-me levar pelo vento

Com a descida do espirito
O êxtase toma meu corpo
Na confirmação do divino
Presente em toda natureza

Fico calado em plena oração
Contemplando a divindade
No momento nada anseio
Grato pela minha existência

Pedro Junqueira Franco de Castro 18/07/2013 23:46

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O belo horizonte

O belo horizonte

Quando almas se reconhecem
As afinidades brotam da pele
O sorriso fortalece o encontro
A sintonia estende a conversa
Nasce a amizade verdadeira

A amizade é um belo horizonte
Onde as duas almas descansam
Um andar junto mesmo distante
A certeza do reencontro no fim
É temperar a jornada com amor

Pode ser que os planos mudem
As estradas podem se afastar
O infortúnio venha a eternizar
Mas amigos são feito irmãos
Caminham juntos no coração

Pedro Junqueira Franco de Castro 00:29 16/07/2013

Organizando o caos

Organizando o caos

Já era um costume de sua família organizar os quartos e os armários todo final de ano e nesse ano não foi diferente para Theo, por ordem de sua mãe, ele deu início a arrumação de seu quarto, que para ele mais parecia um verdadeiro caos. Todos os pequenos objetos e peças de roupas de um ano de sua vida se encontravam espalhados pelos cantos do quarto, a bagunça era generalizada e chegava a confundir a cabeça do garoto que após alguns instantes de paralisia, ocasionada pelo desespero, deu início a difícil tarefa.
Era como se a vida inteira dele estivesse naquele quarto, é logico que não caberiam ali todos os momentos que ele havia passado em seus dezoito anos de idade, porém cada objeto que ali estava lhe trazia a lembrança de algum momento marcado em sua memória. Os quadros de borboleta, herdados da avó, lhe traziam um pouco do sabor da infância sonhadora e mágica vivida no interior, o santo pendurado na parede lhe remetia aos tempos de catecismo, em que o medo de pecar havia lhe deixado certa culpa cristã e o cartão de natal ganho da primeira namorada, que lhe fazia respirar novamente os questionamentos de sua pré-adolescência.
À medida que ia organizando o seu caos, ele ia ressignificando sua vida, colocava cada coisa em um lugar de acordo com sua importância, para o fundo do armário iriam aquelas lembranças que fizeram parte do passado, mas que pelo apego não poderia se desfazer. Já nas prateleiras mais acessíveis, colocava aquilo que fazia parte do seu cotidiano, de modo a facilitar a correria diária de inicio de faculdade. Por fim, colocava a vista os objetivos que eram muito significantes e que formavam de certo modo sua personalidade. Algumas coisas ele jogava no lixo, pois era necessário se livrar daquilo que não lhe fazia mais sentido para dar espaço a novos sonhos.
No final do dia, ele finalizou a arrumação, colocando no mural de cortiça pendurado na parede aqueles lembretes para o futuro recente, o bilhete da atual paquera, o anúncio de jornal com uma oferta de emprego, o cartão postal da sonhada viagem que poderia vir a fazer, entre outros pequenos grandes planos. Arrumado o caos ele pode sentar na poltrona e ler tranquilamente o seu livro de poemas, pois se sentia pleno e sabia que, mesmo fisicamente sozinho, não estava só, uma vez que aquilo tudo, de certa forma, lhe pertencia e preenchia o vazio de viver.

Olhar feminino

Olhar feminino

Da claridade do seu olhar
Emana toda feminilidade
Oculta na pétala da flor

Pudera eu me aventurar
Nesse seu sensual olhar
Oculto mistério feminino

O seu sentir é generoso
Se não fosse eu sonhador
Bem poderia ser seu amor

Pedro Junqueira Franco de Castro 12/07/2013

segunda-feira, 8 de julho de 2013

O desencanto

O desencanto

O que era para ser um laço
Aos poucos foi virando nó
Do entrelaçar das almas
Fez-se a luta cega de egos
Impedindo-nos de ser um só

De repente o desencanto
De pombinhos apaixonados
Éramos estranhos no ninho
Víamos um céu já passado
Impedidos de tocar estrelas

Mas todo fim é um começo
Mesmo que em outra vida
Amadurecidos nesse amor
Colheremos o fruto sagrado
Desabrochando nossa flor

No templo além do arco-íris
Silenciados os ruídos do ego
Nossas almas sacramentadas
Dançarão na noite estrelada
Poderemos nos amar em paz

Pedro Junqueira Franco de Castro 02:02 09/07/2013

domingo, 30 de junho de 2013

A canção que encanta

A canção que encanta

Quisera eu fazer uma canção
Que te pudesse reencantar
Com as maravilhas da vida
Que lá fora estão a cantar

Quem dera pudesse mostrar
Que o beija-flor beija sua flor
Fazendo ela do amor renascer
Levando embora qualquer dor

Que nosso barco segue no mar
O mar da vida tem turbulências
Mas a fé nos guia nessas horas
Que esperança sem fé nada é

Pudera eu mostrar o arco-íris
Que existe atrás do nublado
O colorido que a dura rotina
Esconde com toda sua poeira

Que existe um brilho estrelar
Por trás de esse seu triste olhar
O mesmo brilho das estrelas
Iluminando a escuridão do céu

Trocaria toda minha poesia
Para te ver sorrir novamente
Brotar de seu chão uma flor
Esquecida sem o seu amor

Não cabe a mim fazer a canção
Pois ela já existe dentro de ti
Assim como cada um de nós
Tem uma canção que encanta

Pedro Junqueira Franco de Castro 17:04 30/06/2013

sábado, 29 de junho de 2013

Rei de mim

Rei de mim

Tirar da terra o necessário
O sustento da leveza do ser
Alimentar a alma com luz
Para em vida poder reinar

Viver a felicidade de saber
A única riqueza acumular
Será a sabedoria de ser
A alegria de poder sorrir

Comungar a vida em paz
A existência vence o caos
A batalha a ser vencida
Ocorre dentro de mim

Compartilhar a felicidade
Dividir momentos de dor
No final festejar a vida
Ser coroado rei de mim

Pedro Junqueira Franco de Castro 29/06/2013 12:49

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Sp, a capital do amor

Sp, a capital do amor

Da opressão aos pacifistas
Desperta o gigante brasileiro
Cai o véu que encobria a pátria
Revela a democrática ditadura

Revoltado com tanta opressão
Tomam as ruas os oprimidos
Em uma democracia ateniense
Vandalizam o amor reprimido

Surpreso ficou Criolo ao ver
Brotar amor das ruas de sp
Crescer no solo da capital
Fluir pelo país a revolução

A epifania da coletividade
Lutando pelo bem comum
Fez da pátria abandonada
Pelas ruas se sentir amada

Pedro Junqueira Franco de Castro 23:06 19/06/2013

domingo, 16 de junho de 2013

Ser único

Ser único

Que divino é ser aventureiro
Viver em sintonia com a floresta
Domar o animal que berra o ser
Unir fera e suprema divindade

Muita beleza vivenciar o dia
Na mágica e misteriosa noite
Dançar reverenciando a lua
Brincar com os filhos do sol

Maravilha viver na dualidade
Desabrochar o amor da mãe
Desvendar a firmeza do pai
Ser masculino e feminino

Alegria é sentir a gratidão
Pela batalha da plenitude
De reconhecer o ser único
Que somos na união divina

Pedro Junqueira Franco de Castro 16/06/2013 16:58

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Comunhão terrestre

Comunhão terrestre

Quero adentrar na sua mata
Fazer morada no seu campo
Para ver as estrelas de perto
Sentir a plenitude da solidão

Quero brincar de ser bicho
Sobrevoar a sua imensidão
Alimentar-me de seu sabor
Comungar minha vida a sua

Quero me misturar ao povo
Deslizar nas curvas do sorriso
Aventurar-me nas suas tribos
Viver na felicidade coletiva

Por fim com o corpo cansado
Mas na maturidade da alma
Pacificar minha existência
No seu ventre mãe terra

Pedro Junqueira Franco de Castro 16/05/2013

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Não condicione o incondicional

Não condicione o incondicional

Solte as amarras desse cais
Deixe o seu barco navegar
Existe tanto mar para amar
Com suas nuvens e corais
A vida tem muitos finais

Levante e saia dessa cama
Desapegue desse romance
Encare uma nova chance
Deixe de lado esse drama
Abra-se a uma nova trama

Liberte-se do condicional
Ame o que cabe na mão
Abrace tudo sobre o chão
Sorria para o incondicional
O seu amor não tem final

Pedro Junqueira Franco de Castro 16:41 10/04/2013

domingo, 7 de abril de 2013

Tempo de esperança

Tempo de esperança

Não espere a primavera chegar
As borboletas dançam em você
Basta libertar dos seus casulos
Todo momento é uma festa
Se você está contente em ser

Não volte a infância para brincar
A sua criança ainda celebra a vida
É só inventar uma nova brincadeira
Não espere um sorriso para sorrir
Faça da sua alegria o seu sorriso

O tempo da esperança é agora
Portanto não precisa esperar
Faça do agora o seu tempo
O agora é sempre eterno
Nem mesmo o tempo leva

Pedro Junqueira Franco de Castro 23:59 07/04/2013